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Duquesa: A Força Baiana no Rap Nacional

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No cenário efervescente do rap brasileiro, a baiana Duquesa vem se destacando como uma das principais vozes femininas da atualidade. Com um talento que transborda em cada rima, a artista, nascida Jeysa Ribeiro, conquistou não apenas um lugar de destaque no gênero musical, mas também o coração de um público que busca identificação, força e representatividade. 

Nascida e criada em Feira de Santana, na Bahia, a rapper de 24 anos mostra que o rap é um território onde as mulheres podem não apenas entrar, mas liderar, subvertendo narrativas dominadas por homens e criando um espaço seguro para mulheres e a comunidade LGBTQIAPN+.

Uma Trajetória Marcada pela Determinação

Duquesa iniciou sua carreira em 2015, quando participou da faixa “Só Guardei pra Mim”, do grupo feirense Sincronia Primordial. Desde então, sua jornada tem sido marcada por dedicação, autenticidade e ousadia. Com mais de 44 milhões de plays em plataformas digitais, a artista acumulou sucessos como “99 Problemas” e “Atlanta”, músicas que são verdadeiros hinos de empoderamento e resistência.

A baiana se destaca por usar sua música para abordar questões sociais e pessoais. Suas letras são um convite à reflexão sobre temas como racismo, machismo e autoestima feminina, especialmente para mulheres negras.

 Em uma entrevista recente, Duquesa afirmou que, para ocupar o espaço que conquistou, precisou adotar uma postura firme e muitas vezes “bruta”, enfrentando as barreiras de ser mulher, nordestina e rapper em um ambiente tradicionalmente hostil.

Taurus, Vol. 2: Um Marco na Carreira

Em maio de 2024, Duquesa lançou seu terceiro álbum, Taurus, Vol. 2, uma continuação do aclamado Taurus, Vol. 1, de 2023. O novo trabalho rapidamente alcançou quatro milhões de streamings no Spotify em menos de uma semana, consolidando a artista como uma potência do rap nacional. As faixas, como “Purple Rain” e “Turma da Duq”, são carregadas de energia e autenticidade, características que se tornaram marcas registradas da artista.

As letras de Taurus, Vol. 2 são uma celebração da força feminina, inspirando mulheres a abraçarem sua individualidade e se posicionarem com confiança em qualquer espaço. “Eu quero que minhas músicas sejam trilhas sonoras de vitórias pessoais, de superações, de momentos de conquista. É sobre isso que eu falo quando componho”, afirmou Duquesa em uma entrevista.

Reconhecimento Além das Fronteiras

A notoriedade de Duquesa não se limita ao Brasil. Em 2024, ela foi indicada ao BET Awards, na categoria Melhor Novo Artista Internacional. A premiação, que celebra artistas negros de todo o mundo, destacou a baiana como uma representante do rap feminino nacional em escala global.

Essa indicação é um marco não apenas na carreira da artista, mas também para o rap brasileiro, que começa a conquistar espaço em palcos internacionais. Durante a cerimônia em Los Angeles, Duquesa representou com orgulho suas raízes nordestinas, mostrando que o rap é uma linguagem universal capaz de unir culturas e realidades.

O Papel da Mulher no Rap

Duquesa frequentemente reflete sobre os desafios e avanços das mulheres no rap. Para ela, a ascensão de artistas femininas no gênero é resultado de um esforço coletivo iniciado por mulheres pioneiras, como Negra Li e Nega Gizza, que abriram caminhos para uma nova geração de rappers.

No entanto, o cenário ainda carrega resquícios de machismo, que a baiana enfrenta com letras incisivas e postura confiante. Ela acredita que a presença feminina no rap está transformando a dinâmica do gênero, tanto nas mensagens quanto na estética e nas apresentações. “Hoje, as mulheres estão ocupando espaços, expressando sua feminilidade e criando um ambiente mais respeitoso e inclusivo”, comenta a artista.

A Música como Espaço Seguro

Uma das grandes conquistas de Duquesa é a criação de um espaço seguro para mulheres e para o público LGBTQIAPN+ no rap. Seus shows, além de celebrarem a música, se tornaram lugares de acolhimento e empoderamento. Para a artista, a música feita por mulheres carrega uma energia que abraça diferentes nichos, promovendo uma conexão genuína entre o público e a artista.

“Quando subo ao palco, sinto que estou conversando com amigas, com pessoas que entendem minha mensagem e se sentem fortalecidas por ela. Isso é poderoso”, afirma Duquesa.

Planos para 2025

Duquesa já deixou claro que sua trajetória está apenas começando. Em 2025, quando completará 25 anos, a artista pretende explorar novos gêneros musicais, como o R&B, enquanto preserva sua essência no rap. Ela também planeja parcerias com grandes nomes da música brasileira, como IZA, Ludmilla e Pabllo Vittar, expandindo ainda mais seu alcance e influência.

Além disso, a rapper quer voltar às aulas de música para aprimorar suas habilidades e criar composições ainda mais sofisticadas. Para ela, o futuro pede inovação, mas também maturidade, algo que ela deseja traduzir em suas próximas produções.

Uma Revolução em Curso

Duquesa não é apenas uma rapper de sucesso; ela é um símbolo de transformação e resistência em um cenário ainda em evolução. Sua música reflete não apenas suas experiências pessoais, mas também a luta coletiva de mulheres e minorias por espaço, respeito e reconhecimento.

Com talento, determinação e uma visão clara de seu papel no rap e na sociedade, Duquesa está pavimentando um caminho brilhante, que certamente continuará a inspirar gerações. Seja no Brasil ou em palcos internacionais, a voz de Duquesa ecoa com força, deixando claro que o rap é, sim, lugar de mulher.

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