O rapper mineiro FBC acaba de lançar Assaltos e Batidas, um álbum que marca seu retorno ao rap de batida clássica, com foco em boombap e letras que exploram as contradições sociais brasileiras. Após o sucesso de Baile, que misturava funk retrô e crítica social, FBC agora aposta em uma estética mais crua e direta, reforçando seu papel como um dos principais cronistas urbanos da cena musical atual.
O novo projeto apresenta um olhar atento sobre temas como racismo estrutural, desigualdade de oportunidades, violência e a influência do consumo na construção da identidade periférica. O título do álbum — Assaltos e Batidas — carrega múltiplos significados: remete tanto ao cotidiano violento das periferias quanto à força dos beats que sustentam as rimas. A proposta estética do trabalho também se inspira em narrativas visuais do cinema policial, refletindo a tensão entre sobrevivência, desejo e resistência.
As faixas do disco funcionam como relatos sobre o impacto da ostentação e do consumo como forma de afirmação social em comunidades marcadas pela exclusão. FBC evita o moralismo fácil e mergulha na complexidade do tema, reconhecendo o consumo como tentativa de pertencimento em um sistema que constantemente rejeita e marginaliza.
Com produção de VHOOR, parceiro de longa data, o álbum traz uma sonoridade que remete ao rap brasileiro dos anos 2000, ao mesmo tempo em que dialoga com questões atuais que atravessam a juventude das periferias urbanas. A ambientação sonora e visual de Assaltos e Batidas reforça o compromisso de FBC com um rap que não apenas entretém, mas informa e provoca reflexão.
O lançamento já repercute nas redes sociais e entre os veículos especializados em música urbana, consolidando a relevância do rapper como uma das vozes mais potentes da cena contemporânea. Assaltos e Batidas é mais do que um álbum — é um registro do Brasil que insiste em se calar, mas que o rap insiste em narrar.